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A ambição de um “Grande Israel” pode ser o túmulo do sionismo

Para que a ambição do "Grande Israel" não se concretize, o Eixo da Resistência é a principal ferramenta com que os povos da região terão de se imitar uns aos outros, e tudo indica que não há muito tempo para começar a concretizá-la.

Passo a passo, bomba a bomba, massacre após massacre, a entidade sionista, instalada em território palestiniano, continua a tentar fazer avançar a sua ideia do “Grande Israel” que Theodore Herzl já tinha antecipado no século XIX, quando alertou, ao explicar as suas teses sobre o sionismo, para a necessidade de conseguir um Estado judaico “seguro” “desde o rio do Egipto até ao Eufrates”.


Esta teoria, que muitos consideravam fazer parte de um discurso irrealista ou exagerado, esteve sempre na mesa de guerra de vários chefes militares judeus, que, para além de ratificarem a sua adesão aos ditos de Herzl, se agarravam a referências bíblicas que falavam - os sionistas são conhecidos por distorcer a história em seu próprio benefício - do direito divino de “Israel” controlar grande parte do Médio Oriente.


A ambição “israelita” de conquistar cada vez mais territórios que não lhe pertencem passou de teoria a dolorosa realidade. Para isso, tem vindo a reforçar o seu poderio armado, sobretudo desde o início da batalha palestiniana do Dilúvio de Al-Aqsa. A partir desse momento, como tem vindo a fazer desde há 76 anos, a entidade sionista procura acelerar o etnocídio através de bombardeamentos constantes, que praticamente transformaram Gaza em escombros, resultando em dezenas de milhares de homens, mulheres e crianças assassinados.


O mesmo se aplica à Cisjordânia ocupada. Esta última assistiu a invasões do exército e de colonos, que causaram centenas de mortos. Como se isso não bastasse, segundo o próprio primeiro-ministro sionista Benjamin Netanyahu, foram abertas até quatro frentes de guerra: à barbárie cometida na Palestina, juntou-se a recente incursão aérea no Líbano, que provocou mais um genocídio, mas foi derrotada pela infantaria e pelos mísseis da resistência libanesa.


Agora, apelando à impunidade concedida pelo Ocidente e pelas suas instituições, avançou para a Síria, não só ratificando a ocupação dos Golã, mas também colocando os seus tanques em Damasco, enquanto os seus aviões e drones destruíam em 48 horas todo o armamento do exército, da aviação e da marinha que a República Árabe Síria possuía.


É claro que era necessário um plano para concretizar este novo cenário, e nele estão envolvidos os Estados Unidos, a Grã-Bretanha, a França e outros países da União Europeia, que aprovaram a ideia do “Grande Israel”, acreditando que, com a Arábia Saudita enfraquecida pela vitória do Ansarallah, era necessária uma nova liderança na região que respondesse às exigências das grandes corporações.


No que diz respeito à Síria, esta estratégia de guerra foi cumprida quase na perfeição: enquanto “Israel” vomitava a morte sobre Gaza e a Cisjordânia, alternando com várias incursões na Síria (para além de assassinatos selectivos de dirigentes palestinianos ou iranianos), no mesmo território, na cidade de Idlib, as milícias terroristas do Hau'at Tajrir al Sham (HTS) aumentavam o seu equipamento em armas e combatentes, preparando-se para “uma operação de guerra em grande escala”. Este aviso prévio dos aliados russos e iranianos do Presidente Assad não conseguiu convencê-lo a colocar o país em alerta vermelho.

Infelizmente, Assad, tal como o seu colega Kadhafi, com os seus padrinhos franceses liderados pelo antigo Presidente francês Nicolas Sarkozy, estava convencido de que os Emirados e a Arábia Saudita, que o receberam com sorrisos e promessas, viriam em seu socorro quando chegasse a altura. E quando as tropas do antigo líder do Daesh e da Frente Al-Nusra, Abu Mohamad al-Golani, iniciaram o seu rápido avanço sobre Homs e Hama e chegaram a Damasco sem grande resistência, Assad apercebeu-se de que os conselhos do líder iraniano Ali Khamenei e do próprio ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, tinham verdadeira substância.


Com um exército desmoralizado, com a fome a castigar grande parte da população devido ao bloqueio ocidental, a ocupação terrestre da capital foi simples. Foi levada a cabo por um conjunto de assassinos e terroristas de todos os géneros. Enquanto os meios de comunicação cúmplices insistem que os criminosos de ontem mostram hoje boas maneiras, as milícias dos “cachorrinhos” do Presidente turco Recep Erdogan não mostraram as mudanças que afirmam e, a caminho de Damasco, entraram num hospital e assassinaram covardemente vários soldados sírios feridos. 


A par da ocupação terrestre, um dos principais protagonistas da agressão criminosa contra a Síria, a força aérea israelita, entrou em acção, destruindo quartéis, aeródromos, casas militares. Tudo com o consentimento e o apoio dos “revolucionários” de Al-Golani e dos seus amigos. Não contentes com isto, enquanto Damasco e outras cidades se tornavam caóticas devido aos motins patrocinados pelos ocupantes, estes iniciaram, tal como fizeram no Iraque durante a invasão americana, uma série de assassinatos selectivos de cientistas e de perseguições a líderes populares baathistas.


Com estes quatro cenários ou frentes de guerra em pleno andamento, “Israel” já pensa em continuar a aventura destrutiva no Iraque, também com a ajuda de facções do Daesh, magicamente ressuscitado pelos seus criadores ocidentais. E, sem dúvida, pensa em fazer o mesmo em Teerão.


Os sonhos do “Grande Israel” podem, no entanto, revelar-se o túmulo final do sionismo. Não só por causa das contradições internas do aparelho governamental “israelita”, mas fundamentalmente por causa da força do Eixo da Resistência. Netanyahu já provou desse remédio quando, este ano, não conseguiu derrotar os heróicos combatentes palestinianos e libaneses e, pelo contrário, a chegada a “Telavive” de sacos pretos com os restos mortais de oficiais e soldados sionistas começou a tornar-se uma ocorrência diária. Ou quando dezenas de milhares de colonos que ocupavam colonatos no Norte foram obrigados a fugir devido ao poder de fogo do Hezbollah. Ou os efeitos da repulsa do mundo árabe pelo genocídio que continua a praticar dia e noite.

A isto há que acrescentar os episódios no Líbano, que obrigaram os chefes militares sionistas a aceitar um cessar-fogo, ou o que está a acontecer hoje na Síria com os ataques a uma parte da população, que mais cedo ou mais tarde irá gerar resistência contra o ocupante. Tudo isto dá a entender que, embora o golpe sofrido pelo campo revolucionário anti-sionista tenha sido importante, a solidez de países como a República Islâmica do Irão, a corajosa solidariedade do povo e das forças armadas do Iémen, mais as intervenções das forças insurrectas iraquianas, garantem que ainda há muita corda para cortar.


Quando, a 7 de Outubro de 2023, o Hamas e todas as facções da resistência palestiniana gritaram “basta” e recomeçaram a ofensiva armada, sabiam que estavam a abrir a caixa dos trovões e que só tinham pela frente “a vitória ou o martírio”, mas também se convenceram, ao longo do ano, de que não se tinham enganado ao obrigar “Israel” a mostrar a sua ambição imperialista como ela é. Esta decisão fez com que o sionismo perdesse o seu poder de decisão. Esta decisão fez com que o sionismo perdesse, para já, a batalha política a nível mundial.


Não há país no mundo onde não se tenham registado numerosas manifestações condenando a brutalidade e a crueldade israelitas, o que levou muitos a pôr em causa a existência de “Israel” enquanto tal, se não se libertar da ideologia de morte que é o sionismo.

Sem dúvida: para que a ambição do "Grande Israel" não se concretize, o Eixo da Resistência é o principal instrumento com que os povos da região terão de se imitar uns aos outros, e tudo indica que não há muito tempo para começar a concretizá-la.

Fonte:

Autor:

Carlos Aznárez

Carlos Aznárez Especialista em política internacional e director do jornal Resumen Latinoamericano

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