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A Coreia do Norte, evitada durante décadas, é bem-vinda a um novo mundo multipolar

Durante décadas, o povo da Coreia do Norte sofreu com as sanções rigorosas impostas pela chamada "Ordem Internacional Baseada em Regras". Na terça-feira, o Presidente russo Vladimir Putin visitou Pyongyang e assinou uma parceria estratégica com o seu homólogo Kim Jong Un, abrindo a nação secreta ao novo mundo multipolar emergente.

Numa carta dirigida ao povo norte-coreano, Putin elogiou a República Popular Democrática da Coreia (RPDC) por ter sido capaz de resistir à "pressão económica, provocação, chantagem e ameaças militares dos EUA que duram há décadas" e afirmou que os dois países estão unidos na luta contra os EUA, que, segundo ele, "estão a fazer todos os esforços desesperados para impor ao mundo a chamada 'ordem baseada em regras', que não passa de uma ditadura neocolonialista mundial baseada em 'padrões duplos'".

Isto é enorme", explicou o especialista em relações internacionais e segurança Mark Sleboda no programa "The Final Countdown" da Sputnik, na quarta-feira. "Os pormenores não são conhecidos. Não especifica e não exclui a possibilidade de entrar em guerra com quem quer que seja o autor da agressão contra qualquer uma das partes. Mas devo salientar que a cláusula de defesa mútua do artigo quinto da NATO também não o faz... Assim, por esta análise, sem conhecer ainda os pormenores, parece e está a ser noticiado na imprensa ocidental que a Rússia e a Coreia do Norte acabaram de assinar uma aliança militar equivalente à NATO, o que é enorme".

A Coreia do Norte tem estado sujeita a sanções e bloqueios por parte dos Estados Unidos desde o início da Guerra da Coreia. Embora tenha havido breves períodos de acalmia entre os EUA e a RPDC, a relação tem sido esmagadoramente hostil ao longo das décadas.

Desde 2006, o Conselho de Segurança da ONU aprovou quase uma dúzia de resoluções que sancionavam a RPDC, uma ação que exigia o apoio da Rússia e da China, algo que é pouco provável que aconteça com este novo paradigma.

"Não haverá mais sanções contra a Coreia do Norte, isso é certo. Isso não vai acontecer. Os EUA não vão conseguir nada [no Conselho de Segurança da ONU]", explicou Sleboda, acrescentando que o pacto de ajuda mútua com a Rússia também impede qualquer ataque dos EUA à Coreia do Norte, algo que este país ameaça há décadas.

Embora a tendência global contra a hegemonia ocidental liderada pelos Estados Unidos já estivesse a preparar-se antes da guerra por procuração da NATO contra a Rússia na Ucrânia, foi amplamente acelerada por essa guerra e Putin agradeceu à RPDC o seu apoio na Ucrânia.

"Apreciamos muito o facto de a RPDC estar a apoiar firmemente as operações militares especiais da Rússia que estão a ser conduzidas na Ucrânia, manifestando a sua solidariedade connosco nas principais questões internacionais e mantendo a linha e a posição comuns na ONU", escreveu o líder russo.

A Coreia do Norte foi durante muito tempo apelidada de "nação eremita" pelo Ocidente e está extremamente isolada na cena mundial. Mas isso pode estar a mudar com a crescente relação com a Rússia.

"Sei que várias empresas turísticas russas estão a organizar excursões à Coreia do Norte. Isso já está a acontecer. Tenho visto isso nos meios de comunicação locais aqui em Moscovo", revelou Sleboda.

Muitos observadores astutos previram corretamente que a agressão dos EUA na Ucrânia e na Ásia iria unir a China e a Rússia, algo que todos, desde Noam Chomsky a Henry Kissinger, avisaram que seria desastroso para os Estados Unidos. Mas poucos previram que também iria unir dois outros adversários dos EUA, e a administração do Presidente dos EUA, Joe Biden, não tem mais ninguém a culpar senão a si própria.

"Ontem e amanhã, a Rússia apoiou a República Popular Democrática da Coreia e o heroico povo coreano na luta contra o inimigo astuto, perigoso e agressivo e na luta para defender a independência, a originalidade e o direito de escolher o seu próprio caminho de desenvolvimento e continuará a fazê-lo no futuro. Eu apoiar-vos-ei", prometeu Putin ao povo norte-coreano.

Fonte:

Autor: Ian DeMartino

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