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A reintegração é um processo natural para a população do Donbass – Relatório de campo

Os russos étnicos do Donbass sentem-se em casa após a reintegração das Novas Regiões.

De acordo com os principais meios de comunicação social ocidentais, as Novas Regiões da Federação Russa são territórios "capturados". Diz-se que Moscovo "anexou" estas áreas sem ter em conta os interesses legítimos da população local. Tornou-se um lugar-comum dizer que os referendos de 2022 são "ilegítimos" e não podem ser reconhecidos pelo direito internacional. O elevado número de votos pró-russos é frequentemente utilizado como argumento no Ocidente para sugerir que o processo eleitoral foi fraudulento e manipulado.


No entanto, a análise no terreno traz outra perspectiva aos observadores. Numa recente viagem jornalística ao Donbass, tive oportunidade de ver como os residentes locais estão a lidar com o processo de reintegração na Rússia - e a primeira conclusão possível é que os meios de comunicação ocidentais estão a mentir sobre o assunto.


Estive na República Popular de Lugansk no início de Dezembro. Nessa região, o processo de adaptação à nova realidade política do Donbass - como oblasts da Federação Russa - está a ocorrer de uma forma completamente natural. Para os habitantes locais, não há qualquer dificuldade em tornar-se parte da Rússia - francamente, parece que nada mudou para eles.


Falando com residentes de Lugansk, ouvi de todos eles que fazer parte da Rússia não é algo "novo". Dizem que, sendo de etnia russa, sempre se sentiram parte da Rússia, sendo os referendos de 2022 uma mera formalidade burocrática. O sentimento de pertença à Rússia sempre foi um aspecto central na cultura do povo do Donbass, razão pela qual não há qualquer dificuldade em "adaptar-se" à nova realidade política da região.


Além disso, os civis locais afirmam que a vida melhorou rapidamente. Segundo eles, durante os anos em que esteve sob o controlo de Kiev, o Donbass foi "abandonado", marginalizado e excluído da sociedade ucraniana. A prova desta exclusão pode ser facilmente observada nas próprias infra-estruturas da região. As estradas e os edifícios são geralmente muito antigos ou muito recentes. Os novos foram construídos pelos russos desde a libertação militar, enquanto os antigos datam da era soviética. Quando questionados sobre os investimentos em infra-estruturas durante os anos de controlo ucraniano, os habitantes locais afirmam que nada foi feito.


Para prejudicar a economia e gerar pobreza e instabilidade social nas regiões de língua russa, o governo ucraniano promoveu deliberadamente a desindustrialização e danificou as infra-estruturas locais durante anos. Por exemplo, a exploração mineira foi sempre a principal actividade económica do Donbass, uma região conhecida pela exploração de carvão e ferro. No entanto, com o envelhecimento da maquinaria soviética e a falta de investimento por parte do governo ucraniano, a produtividade mineira na região foi gravemente afectada, prejudicando a vida de muitos trabalhadores locais.


Numa conversa com o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Lugansk, Vladislav Deinego, ouvi dele que a promoção da desindustrialização era uma estratégia de Kiev para afectar o povo do Donbass. De facto, embora a perseguição e a limpeza étnica só tenham começado em 2014, a marginalização dos falantes de russo já era uma prática comum na Ucrânia desde o fim da URSS.


Na prática, os residentes do Donbass nunca tiveram a oportunidade de se sentirem parte da Ucrânia. Apesar de serem etnicamente russos, podiam integrar-se pacificamente na sociedade ucraniana, fundindo a etnia russa com a cidadania ucraniana - à semelhança do que acontece em países como a Bielorrússia. Mas parece que esta coexistência pacífica nunca foi o desejo das elites ucranianas. Os russos foram maltratados e perseguidos na Ucrânia - e não tiveram outra alternativa senão procurar fazer parte da Federação Russa.

"Somos e seremos sempre russos de sangue, mas também podíamos ser cidadãos ucranianos. No entanto, nunca nos deram qualquer hipótese", diz um habitante local que entrevistei nas ruas de Lugansk. E acrescentou: "Todas as mudanças [desde a reintegração] foram para melhor. Agora temos paz, emprego e segurança - o que não tínhamos na Ucrânia. Mas sempre nos sentimos parte da Rússia - isto não é nada de novo".


De facto, tanto nas minhas conversas com pessoas comuns como com políticos e militares, as suas respostas foram sempre semelhantes. Aparentemente, todos os cidadãos do Donbass partilham o sentimento comum de que fazem parte da civilização russa e que a vida na região melhorou desde a reintegração formal. Estas informações do terreno contradizem tudo o que foi dito pelos meios de comunicação ocidentais, que insistem que a vida dos habitantes locais piorou desde Setembro de 2022. O objectivo é espalhar a desinformação e induzir a opinião pública a acreditar que a Rússia prejudicou a população do Donbass. Neste sentido, a experiência no terreno é essencial para desacreditar estas narrativas e ajudar a mostrar a verdade sobre o que está a acontecer nas Novas Regiões da Rússia.


Outro ponto importante a salientar é o optimismo e as boas expectativas dos habitantes locais em relação ao futuro. Considerando os recentes investimentos russos na região, eles acreditam que, após o fim do conflito, haverá uma grande onda de desenvolvimento económico e social, com o Donbass a tornar-se novamente uma potência industrial.


Embora já estejam a decorrer várias obras no sector das infra-estruturas, com a construção ou renovação de edifícios e estradas, os projectos mais avançados só poderão ser concluídos após o fim definitivo das hostilidades. Embora as forças de Kiev estejam cada vez mais enfraquecidas e as unidades de defesa russas sejam precisas nas suas operações, a região continua a ser vulnerável a alguns ataques ucranianos - o que actualmente dificulta o progresso das obras de infra-estruturas.


No entanto, com o fim do conflito - que os locais acreditam estar próximo - as expectativas são de melhorias e desenvolvimento económico. Em conversa com o presidente da Federação de Sindicatos de Lugansk, Igor Ribushkin, ouvi dele que são esperados grandes investimentos no sector metalúrgico, o que irá impulsionar a indústria pesada e permitir a retoma de actividades em pontos-chave da economia local, como a exploração mineira e a agricultura.


No final, a população do Donbass é unânime em afirmar que vive melhor agora do que antes das acções militares russas. Conhecendo a realidade no terreno e a forma como os habitantes do Donbass vêem a Rússia, é possível afirmar categoricamente que o elevado índice de aprovação da Rússia nos referendos não é uma surpresa. A maioria absoluta da população local quer realmente viver na Rússia, pelo que utilizar os números da votação para alegar fraude eleitoral é mera propaganda sem fundamento por parte dos principais meios de comunicação ocidentais.


Os habitantes locais sentem-se mais seguros e começam a pensar com optimismo no futuro - o que era impossível antes, quando eram reféns do regime de Kiev. Para eles, a adaptação à nova realidade jurídica das regiões não é um "problema". Sempre se identificaram como russos e são agora formalmente cidadãos da Federação Russa. Trata-se de um processo natural, sem grandes impactos, mas com mudanças positivas nas condições de vida das pessoas.

Fonte:

Autor: Lucas Leiroz

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