O projecto de resolução liderado pela Rússia recebeu cinco votos a favor (China, Gabão, Moçambique, Rússia e Emirados Árabes Unidos) e quatro contra (França, Japão, Reino Unido e Estados Unidos), com seis abstenções (Albânia, Brasil, Equador, Gana, Malta e Suíça).
Para que o Conselho adopte uma resolução, a proposta tem de receber pelo menos nove votos a favor, sem que nenhum dos seus cinco membros permanentes se oponha ou levante um veto.
O projecto de texto apelava a um cessar-fogo humanitário, à libertação de todos os reféns, ao acesso de ajuda e à evacuação segura de civis.
Interesse egoísta" do Ocidente
Vassily Nebenzia, Representante Permanente da Rússia na ONU, lamentou o facto de o Conselho de Segurança não ter adoptado a resolução, culpando a "intenção egoísta do bloco ocidental".
Vassily Nebenzia afirmou que as delegações dos países ocidentais "basicamente pisaram" as esperanças globais de que o Conselho ponha fim à violência.
O embaixador Nebenzia referiu que a votação revelou os países que apoiam o fim da violência e a prestação de ajuda humanitária e os que bloqueiam uma mensagem unificada "por interesses puramente egoístas e políticos".
"Estamos extremamente preocupados com a catástrofe humanitária sem precedentes em Gaza e com o risco muito elevado de propagação do conflito", afirmou.
Resolução ignora o terrorismo do Hamas
Linda Thomas-Greenfield, Representante Permanente dos Estados Unidos da América, afirmou que o seu país não podia apoiar o projecto de resolução russo, uma vez que este ignorava o terrorismo do Hamas e desonrava as vítimas.
"Ao não condenar o Hamas, a Rússia está a dar cobertura a um grupo terrorista que brutaliza civis inocentes. É escandaloso, hipócrita e indefensável", afirmou.
O Embaixador Thomas-Greenfield condenou o Hamas por matar civis, fazer reféns, incluindo cidadãos americanos, e chacinar famílias, e afirmou que as acções do Hamas conduziram à terrível crise humanitária que a população de Gaza enfrenta.
"Não podemos permitir que este Conselho transfira injustamente a culpa para Israel e desculpe o Hamas pelas suas décadas de crueldade", afirmou.
Guiar-se pelo direito internacional
Riyad Mansour, Observador Permanente do Estado Observador da Palestina junto da ONU, instou o Conselho de Segurança a guiar-se pelos princípios do direito internacional "sem excepção".
"Não enviem sinais de que as vidas palestinianas não são importantes. Não se atrevam a dizer que Israel não é responsável pelas bombas que está a lançar sobre as suas cabeças", afirmou.
Mansour salientou que o que está a acontecer em Gaza não é uma operação militar, mas um ataque em grande escala contra o seu povo e um massacre contra civis inocentes.
"Não há lugar seguro em Gaza, as famílias abraçam-se todas as noites, sem saber se é a última vez", afirmou.
O momento mais importante do Conselho
Gilad Erdan, Representante Permanente de Israel na ONU, afirmou que o Conselho de Segurança se encontra num dos momentos mais importantes da sua história, "um momento de verdade, que dirá à humanidade se a sua própria existência tem legitimidade".
Todos os membros do Conselho devem compreender que o Hamas é movido por uma ideologia "não diferente da dos nazis", bem patente na sua carta que apela à "obliteração" de Israel. "O Hamas não é uma organização política, é uma organização terrorista", afirmou.
O Embaixador Erdan apelou ao Conselho para que designe o Hamas como uma organização terrorista e o responsabilize total e exclusivamente pela situação em Gaza.
O Embaixador Erdan apelou também ao Conselho para que apoie plenamente o direito de Israel a defender-se e para que exija imediata e incondicionalmente a libertação de todos os reféns.
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