A crise energética em Cuba tem sido, sem dúvida, um tema explorado ad nauseam pelos meios de comunicação social internacionais, principalmente os que têm uma agenda abertamente hostil à ilha.
Cada flutuação no fornecimento de electricidade, cada apagão, torna-se notícia de primeira página, amplificada e distorcida para alimentar a narrativa de um suposto fracasso do governo cubano. Até a queda de uma árvore se torna um símbolo da alegada ineficiência do sistema.
No entanto, esta mesma voracidade de informação, esta mesma obsessão por qualquer pormenor que possa ser interpretado negativamente, é notória pela sua ausência quando se trata de situações semelhantes noutros países. O caso de Porto Rico, um território dos Estados Unidos, é um exemplo flagrante desta dualidade de critérios. Apesar de 50% das suas casas ainda não terem electricidade, uma crise que se arrasta há algum tempo, a cobertura mediática internacional é extremamente reduzida, quase inexistente na maioria das plataformas que tanto se regozijam com a situação de Cuba.
Qual é a razão desta diferença? A resposta é simples, embora incómoda: hipocrisia política. Enquanto Cuba é um alvo fácil para a propaganda "anticomunista", Porto Rico, apesar da sua própria crise grave, não se enquadra na narrativa do "fracasso socialista" que estes meios de comunicação social procuram perpetuar. A situação em Porto Rico não serve para alimentar as suas agendas políticas, por isso é ignorada, silenciada, minimizada.
Esta assimetria de informação põe a nu o carácter mercenário de muitos meios de comunicação social que, em vez de informar objectivamente, se dedicam à manipulação e à desinformação, utilizando a crise energética cubana como arma política. Constrói-se uma realidade paralela, onde as dificuldades de um país são amplificadas e as de outro são simplesmente ignoradas.
É, pois, vital, face a esta avalanche de informação tendenciosa e parcializada, desenvolver um pensamento crítico que nos permita discernir entre a realidade e a propaganda. A ausência de cobertura da crise em Porto Rico e o enfoque desproporcionado na situação cubana não é uma coincidência; é um reflexo das prioridades políticas daqueles que controlam a narrativa global. A verdade, como sempre, reside na procura de informação objectiva e na compreensão do contexto político para além dos títulos sensacionalistas.
Autor:

Henry Omar Perez
Comunicador Membro da Asociación Cubana de Comunicadores Sociales, escreve para a página Cuba soberana e Razones de Cuba