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Os meios de comunicação ocidentais estão a dar demasiada importância às eleições iranianas, mas pelas razões erradas.

Os analistas ocidentais e os meios de comunicação social americanos fazem constantemente suposições incorrectas sobre o Irão, muitas vezes baseadas em leituras erradas da cena política iraniana.

Os resultados oficiais anunciados pelas autoridades iranianas após a primeira volta revelam que Masoud Pezeshkian recebeu 10,4 milhões de votos, enquanto Saeed Jalili recebeu 9,4 milhões nas eleições de 28 de Junho. O Presidente do Parlamento, Mohammad Bagher Ghalibaf, ficou em terceiro lugar, com 3,3 milhões de votos, enquanto o académico religioso Mostafa Pourmohammadi obteve mais de 206 000 votos.

Uma vez que nenhum dos candidatos obteve pelo menos 50% dos votos, realizou-se uma segunda volta das eleições na sexta-feira, 5 de Julho, vencida por Pezeshkian. 


Participação Embora uma taxa de participação de 40% seja incompatível com os 98,2% históricos registados durante o referendo de 1979 para a criação da República Islâmica, o anúncio da baixa taxa de participação é, por si só, uma indicação de que o Irão é transparente nas suas eleições.

Sayyed Ali Khamenei, líder da Revolução e da República Islâmica, manifestou a sua apreensão face à fraca afluência às urnas e incentivou o povo iraniano a participar ativamente na segunda volta das eleições presidenciais de 5 de Julho.


"Os indivíduos que têm uma forte afinidade com o Islão, a República Islâmica e o progresso do país devem mostrar o seu apoio participando ativamente nas eleições", sublinhou Sayyed Khamenei.


Ao mesmo tempo, rejeitou a suposição dos meios de comunicação social ocidentais de que a menor participação se devia a percepções desfavoráveis das autoridades iranianas, afirmando que é completamente errado assumir que aqueles que não votaram na primeira volta das eleições presidenciais estão contra o governo.


A afluência às urnas na primeira fase das eleições iranianas, realizada numa altura em que as forças de ocupação avaliavam de perto um ataque no Líbano, foi baixa por várias razões. O mau estado da economia iraniana e a inflação paralisante no país levaram a um abrandamento da afluência às urnas.


As sanções impostas ao Irão tiveram um impacto devastador na economia iraniana, resultando numa inflação generalizada. A drástica desvalorização do rial atingiu duramente o iraniano médio. Os anos de desvalorização esmagaram o valor das suas contas bancárias, fundos de reforma e outros activos.


No entanto, os analistas ocidentais e os meios de comunicação social americanos fazem constantemente suposições incorrectas com base na afluência às urnas, argumentando que a afluência sugere que a maioria não apoiou as políticas seguidas pelos dirigentes iranianos, o que é errado.

O baixo índice de participação nas eleições presidenciais pode muito bem ser justificado, tendo em conta as restrições económicas a longo prazo e as sanções injustificadamente impostas ao Irão pelos EUA e pelos seus aliados ocidentais.

Os preparativos para as eleições de 2024 decorreram durante um período de grave abrandamento económico, restrições às exportações e uma inflação paralisante, que provocaram danos sem precedentes na economia dependente do petróleo. Seis semanas após o trágico acidente de avião que custou a vida ao antigo Presidente iraniano e aos seus colegas, teve lugar a primeira fase das eleições. A atmosfera que envolveu as eleições atenuou um pouco os sentimentos dos eleitores iranianos, mas, de um modo geral, estes mostraram-se entusiasmados com o processo eleitoral e demonstraram a sua determinação em respeitar as regras da democracia.

Ramificações geopolíticas

De um ponto de vista geopolítico, as eleições iranianas terão implicações significativas para a política regional e do Médio Oriente. Os analistas prevêem um confronto regional iminente se o Estado sionista persistir em fazer repetidas ameaças contra o Líbano. A chegada ao poder de um candidato como Jalili intensificaria a postura de política externa do Irão.


As eleições presidenciais de 28 de Junho no Irão geraram um interesse global pelo poder e pela importância da posição do presidente na definição das políticas iranianas. No Irão, o líder é o principal responsável em matéria de política externa, incluindo as negociações nucleares, as relações com os EUA e as questões militares e de segurança.


O Council on Foreign Relations, um grupo de reflexão com sede nos EUA, especializado em política externa e relações internacionais, publicou uma entrevista com Mohsen Milani, professor na Universidade do Sul da Florida e uma autoridade no Irão.


Milani acredita que a posição do presidente iraniano desempenha um papel vital na definição da política interna, especialmente em questões económicas. Argumenta que o poder específico do presidente, tal como exercido pelos actuais e antigos presidentes, pode ter impacto nas relações internacionais e orientá-las numa direcção diferente. Estabelece um paralelo entre as presidências de Mohammed Khatami e Mahmoud Ahmadinejad, referindo que Khatami defendeu a cessação das actividades de enriquecimento de urânio em 2003. No entanto, Ahmadinejad inverteu mais tarde a sua posição. "Por conseguinte, não devemos considerar estas eleições como uma farsa ou sem importância", afirma.


Em resposta a uma pergunta sobre possíveis mudanças geopolíticas após as eleições, Milani esclareceu que o Presidente iraniano não tem autoridade sobre as forças militares e de segurança, incluindo o poder de nomear os seus comandantes e chefes, que não são responsáveis perante ele. O Presidente iraniano não tem autoridade sobre questões de segurança, guerra e paz, que são da competência do líder.


Por conseguinte, a nomeação de um novo presidente não alterará a posição do Irão no Médio Oriente, nos EUA, na Rússia, na China ou na Palestina. Os reformistas pretendem restabelecer as ligações com a Europa e os EUA e reorientar a política nuclear do Irão, enquanto os conservadores defendem uma abordagem mais assertiva contra a interferência ocidental e dão prioridade às relações com a Rússia e a China.

Fonte:

Autor: F.M. Shakil

F.M. Shakil Jornalista independente

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