Atacar concentrações militares (bases aéreas, aeroportos, armazéns) significa actualmente perdas de milhões de dólares, para além de inutilizar as instalações utilizadas para os raids e os abastecimentos logísticos.
A entidade israelita baseou-se nos massacres contra os donos da terra na Palestina, pelo que na catástrofe de 1948 e nas fases seguintes, não menos criminosas, o objectivo era esvaziar a terra do seu povo e recolher a "diáspora judaica" no Levante, onde afirmam estar a sua terra prometida. Daí a instauração da ideologia do extermínio, a substituição de um "povo" por outro povo e de uma "cultura" por outra cultura e civilização, tudo isto baseado no princípio da "autorização divina" para matar os não-judeus.
Dia após dia, o vasto leque de crimes e assassínios aparece na sua literatura religiosa talmúdica. Voltando a essa literatura, há duas razões para a presença de povos não-judeus. A primeira é infligir derrotas aos israelitas se eles não obedecerem ao seu senhor "Jeová" e não aplicarem os seus mandamentos, e a segunda é derrotar esses povos não-judeus antes deles, em virtude dos seus textos; e assim os judeus têm o direito de desfrutar dessa vitória alcançada a três níveis: assassínio, expulsão ou escravização.
Por isso, não é de estranhar a insistência de "Israel", em cada guerra e nova agressão, em cometer um massacre atrás do outro contra os civis. De acordo com os números, o número de mártires na Faixa de Gaza ultrapassou os 41 mil e no Líbano chegou a mais de dois mil, para além dos feridos e desaparecidos lá e cá.
A cada massacre cometido por "Israel", os movimentos de resistência interrogam-se sobre a razão da neutralização dos "civis de Israel". Porque é que as suas casas não são demolidas por cima das suas cabeças como fazem connosco? Porque é que não ameaçamos os seus hospitais como eles nos obrigaram a evacuar os nossos?
Moralmente
Ao longo do percurso dos movimentos de resistência não houve uma posição unificada para atacar os "civis israelitas", uma vez que cada movimento e organização tem a sua própria ideia, ideologia e atitudes políticas que o impulsionam, embora o factor unificador destas organizações de resistência seja o facto de não se regerem por acordos internacionais como a Convenção de Genebra (1949), que enfatiza a protecção dos não-militares nos campos de combate.
Talvez aqui "Israel" surja como uma entidade que não chega a ser um "Estado", não só porque se estabeleceu em terra alheia, mas porque se manteve fora do âmbito do respeito pelos acordos internacionais, e vimo-lo praticar aleatoriamente a violência sob todas as suas formas e vimos os seus aliados, liderados pelos Estados Unidos, darem justificações para tais práticas como "danos colaterais". Como é surpreendente ver estas organizações prestarem atenção a convenções internacionais que não as formaram e, em contrapartida, "Israel" violar o que assinou dessas convenções internacionais!
Este caso não se aplica ao Hezbollah, apesar de saberem que não há verdadeiros civis em "Israel", são colonos armados (mais de 42 mil israelitas que pediram uma declaração de aquisição de armas em 2023) e a maior parte deles está nas forças de reserva do exército israelita (465 mil soldados). Para além disso, a definição de civil nas guerras é tudo o que não tem valor na guerra para nenhuma das partes em conflito, o que não se aplica a "Israel". No entanto, o Hezbollah segue os controlos morais, pois combate e não mata. Isto é visível nas fronteiras com a Palestina ocupada.
E se a visão moral do Hezbollah está organicamente ligada aos princípios humanitários, que produziram, em teoria, o sistema internacional, a entidade ocupante tem uma visão completamente diferente. Por exemplo, o investigador Israel Shathak relata no seu livro "The History of Judaism" um diálogo entre um soldado sionista e um rabino, e pergunta ao primeiro: "Há casos em que se cumpre a pureza das armas?" (o que ele quer dizer é evitar matar crianças, mulheres ou civis em geral), e o rabino responde: "O melhor é matar não-judeus".
Estratégicamente
Quanto à estratégia, apesar da realidade da situação, "Israel" adoptou a "Doutrina Dahiya" nas suas guerras desde 2006, ou seja, destruir tudo o que pode ser destruído, provou ser um fracasso estratégico, pois o seu peso limita-se aos civis e não à continuação e estabilidade dos movimentos de resistência.
Quanto ao Hezbollah, é evidente que está bem ciente do que pode prejudicar os israelitas. Atacar concentrações militares (bases aéreas, aeroportos, armazéns, etc.) significa actualmente perdas de milhões de dólares e também a inutilização destas instalações que são praticamente utilizadas para ataques e abastecimentos.
Atacar e matar soldados significa causar perdas humanas na "instituição" mais importante para a entidade ocupante, o "exército", o que, por sua vez, reforça a relutância de muitos israelitas em se juntarem às linhas da frente por receio de um destino semelhante ao daqueles que os precederam no terreno.
Quanto a visar os "civis israelitas", pode não produzir os mesmos resultados, porque aumentaria a sua solidariedade. Isto para além das mentiras que podem acompanhar qualquer operação que vise quaisquer "civis", o que pode provocar indignação internacional, como aconteceu na operação do Dilúvio de Al-Aqsa, em que se centrou nos prisioneiros civis, deixando de lado a essência da operação que é o facto de o Al Qassam ter como alvo grupos e bases militares, nada mais e nada menos.
Hoje em dia, são incessantes as manifestações em "Israel" exigindo a devolução dos prisioneiros detidos pela resistência e, até à data, nenhum dos responsáveis lhes responde, enquanto continuamos a ter perante nós o passado recente, com a força da influência dos movimentos das famílias dos soldados, como o movimento "Pais contra o silêncio", que surgiu em Maio de 1983, um ano após a invasão israelita do Líbano, onde foram mortos pelo menos 500 soldados israelitas, e manteve as suas exigências de retirada do país dos cedros em 1985 até à retirada do exército.
O mesmo aconteceu com o movimento "Quatro Mães" após os acidentes de helicóptero israelitas em 1997, que mataram 73 israelitas, e que foi dissolvido após a retirada em 2000. O mesmo se aplica ao movimento "Prisioneiros", formado em 2004 para protestar contra a morte de muitos soldados israelitas na Faixa de Gaza.
Até agora, o Hezbollah não actua de acordo com a lógica de uma resposta global dirigida a concentrações de massas. No entanto, se a guerra se alargar cada vez mais e perante a persistência israelita em cometer mais massacres, as fronteiras entre civis e militares desaparecerão certamente.
a