A máquina de propaganda ianque conseguiu fazer crer a muita gente que o chamado bloqueio económico, comercial e financeiro contra Cuba não existe, apesar de os seus documentos oficiais reflectirem que se trata de uma guerra económica, para impedir a satisfação das necessidades do povo, juntamente com uma guerra psicológica para fazer com que o povo se ressinta do governo e o culpe pelas suas dificuldades.
Os Estados Unidos e os meios de comunicação ocidentais dispõem de regulamentos precisos para impedir a publicação de informações sobre a verdade desta questão, que é confirmada por milhares de documentos oficiais.
Um desses documentos foi o estudo preparado por George W. Ball, Secretário de Estado Adjunto, em colaboração com a CIA, apresentado em 6 de Fevereiro de 1964 ao Presidente Lyndon Johnson, em resposta a um pedido contido no Memorando de Acção de Segurança Nacional 274, datado de 20 de Dezembro de 1963, para restringir o comércio externo de Cuba.
Este estudo afirmava que as acções dos Estados Unidos para reduzir esse comércio se reflectiam num aumento reduzido ou nulo das importações cubanas, bem como numa diminuição de 60% das escalas de navios mercantes nos portos cubanos e numa redução drástica da aviação comercial, embora a Espanha se opusesse a essas acções.
Afirma que as empresas norte-americanas colaboraram e que a pressão exercida sobre as empresas estrangeiras a elas associadas foi eficaz, embora tenham advertido que a expansão desta política implicaria problemas de extraterritorialidade com os países aliados.
O estudo inclui um anexo com 19 recomendações que, segundo Ball, eram exequíveis de implementar, embora pudessem criar fricções nas relações externas dos EUA. (Memorandum of Conversation, FRIUS, 1964-1968. Vol. XXXII).
As recomendações são:
1. O Presidente deve informar todas as agências governamentais de que as restrições e a redução dos laços económicos do mundo livre com Cuba são um objectivo da política nacional.
2. O presidente ou o secretário de Estado devem fazer uma declaração pública sobre a política de Cuba e expor as razões da oposição aos laços económicos com o mundo livre.
3. Utilizar a comunidade empresarial norte-americana como instrumento de coação sobre as empresas estrangeiras.
4 e 5 - Intensificar a pressão, a todos os níveis do governo, sobre os países que mantêm relações comerciais com Cuba e avaliá-los cuidadosamente, país a país, para o impossibilitar:
a.Comércio de produtos vitais para a economia cubana.
b. Que não se realizem compromissos a longo prazo a comprar açúcar cubano.
6. Fazer uma tentativa vigorosa de promover um acordo multilateral com outros países para restringir as vendas de bens vitais à ilha.
7. Divulgar esta política nos fóruns da NATO e no Japão.
8 e 9 - Pressionar diplomaticamente os governos que compõem a OEA para que aprovem resoluções contra Cuba com o objectivo de impor restrições comerciais, incluindo um pedido a outras nações do mundo para que tomem medidas semelhantes.
10. Aplicar a legislação norte-americana existente aos países envolvidos e não se basear apenas em declarações presidenciais.
11. É aconselhável e viável aprovar legislação adicional ou regulamentos executivos destinados aos países e empresas comerciais que mantêm relações com Cuba.
12. Exigir um maior controlo dos artigos produzidos pelas empresas norte-americanas e suas filiais no estrangeiro, a fim de evitar a sua aquisição por Cuba.
13. Rever cuidadosamente a extensão do Regulamento e Controlo de Mercadorias Cubanas às filiais de empresas norte-americanas. Intensificar as acções encobertas (sabotagem) contra bens vitais destinados a Cuba.
14. Impedir por todos os meios a aquisição por Cuba de artigos vitais para a sua economia.
15. Utilizar discretamente a imprensa, através da publicação de artigos, para dar a conhecer os rigorosos controlos do governo dos Estados Unidos sobre as empresas que mantêm relações com Cuba, dando a entender a existência de uma lista negra.
16. Utilizar grupos de exilados cubanos para pressionar estas empresas, fazendo-as ver que não terão futuro numa Cuba pós-Castro.
17, 18 e 19 - Assinale que o Coordenador para os Assuntos Cubanos do Departamento de Estado deve criar: Um grupo de trabalho para recomendar medidas que reduzam as receitas monetárias de Cuba provenientes da venda de açúcar.
Intensificar a espionagem económica, através dos relatórios do Serviço de Relações Exteriores dos Estados Unidos e das acções empreendidas, juntamente com as investigações do Departamento de Comércio, sobre as relações comerciais do mundo livre com Cuba.
No final deste estudo, propõe-se a renúncia e o aumento das limitações aos agentes secretos da CIA.
A 9 de Fevereiro de 1964, um relatório da agência noticiosa norte-americana UPI, United Press International, afirmava, a partir de Washington, que altos funcionários da administração anunciavam:
A 14 de Fevereiro, o Departamento de Estado, através de um comunicado, recordou aos países beneficiários da ajuda americana, incluindo alguns países da NATO, que a partir dessa data terminava o prazo fixado pelo Congresso em Dezembro de 1963, que os obrigava a suspender o comércio com Cuba e a cortar toda a assistência militar e económica à Grã-Bretanha, à França e à Jugoslávia, porque os seus governos se recusavam a suspender o comércio com a ilha. O Japão e a Espanha também não aceitaram as disposições de Washington.
Nada mudou na intenção ianque de sufocar o povo cubano, apesar de afirmarem descaradamente que o bloqueio não existe.
É por isso que José Martí assinalou:
Fonte: