Artigos de OpiniãoCubaRaúl António Capote

Neste mundo ao contrário

Neste mundo louco, onde tudo está de cabeça para baixo, acontece que nós, que desafiamos o poder global, não baixamos a cabeça e temos opinião própria, somos os servis.

E aqueles que vivem das migalhas do capital, explorados que se acham donos de riquezas que não lhes pertencem, que nunca serão suas, ah, pois são os livres.

Não são donos nem da maçaneta da porta de casa, nem do pedal do travão do carro, vivem para pagar àqueles que deveriam pagar-lhes, os verdadeiros donos de tudo, não têm direito a nada e quando protestam são ferozmente reprimidos, basta olhar para Los Angeles.

Mas não, os seus seguidores em Cuba nem sequer sabem quem é o inimigo, aquele que reduziu os seus salários a nada, aquele que os deixa sem combustível, etc.

Aqueles que acreditam que o país onde vivem, aquele que tantos defendem, é governado por uma espécie de bandidos loucos que lhes cortam a energia para os incomodar.

Ameaças à parte, que demonstram que os democratas, defensores da liberdade de expressão, sofrem de uma intolerância extrema, só é correcto o que eles acreditam e dizem, só vale o que eles propõem, os outros estão errados e somos uns fantoche.

É realmente curioso, porque aprendemos quando éramos crianças, há muito tempo, que ser corajoso era estar do lado daqueles que sofrem abuso dos fortes e poderosos e ser covarde era apoiar o abusador grandalhão.

Então, como é que quem defende o direito de uma pequena ilha com menos de 11 milhões de habitantes, com menos pessoas em todo o país do que as que vivem em qualquer uma das megacidades dos EUA, país poderoso, rico, potência nuclear que sonha em nos subjugar a qualquer custo, pode ser considerado «o abusador» da história?

Mas tudo bem, como «aliado» e «porta-voz» do governo, estou cego e já não compreendo nada de nada.

Apoio o diálogo que está a ser realizado entre os meus alunos e a ETECSA, isso não é feito pelo poder que nos oprime e nega, isso nunca é feito pelo capitalismo global, nunca, nem em sonhos, aí está a empresa socialista, não fez bem, mas está reunida com os estudantes, ouvindo, debatendo e resolvendo o problema que foi criado.

Aqueles que quiseram aproveitar-se disso para prejudicar a Revolução deram mais uma vez com a porta na cara. Este é o país que fez uma constituição a partir das bases, submetida a debate nacional, bairro a bairro, quarteirão a quarteirão.
Este é o país que luta todos os dias pelo seu povo, com o seu povo, que desafia forças externas poderosas com coragem e tenacidade.

Se me torna covarde apoiar que isso nunca desapareça, se trabalhar para erradicar os erros e combater as coisas mal feitas, de frente, não nas redes sociais, mas cara a cara, então que viva essa covardia do meu amor por Cuba e seu povo.

Sempre vivi para os meus alunos porque sou professor, não académico, nem docente, PROFESSOR. Daria a minha vida por eles.

Também não traio os meus leitores, nem vendo, nem alugo a minha caneta, aqueles que me conhecem de verdade sabem do que sou capaz, chamem-me propagandista, não me importo com a opinião de lacaios, covardes e neocolonizados.

Que valor pode ter a opinião de um mercenário de Miami? Para mim, nenhuma. Usar esse critério como prova de algo é ridículo e muito lamentável.

Autor:

Raúl antonio Capote

Raúl Antonio Capote Fernández (Havana, 1961) é um escritor, historiador, professor, investigador e jornalista cubano.  Jornalista, chefe de redacção do Granma Internacional

"Para quem está cansado da narrativa única." 🕵️‍♂️

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