Por que os apagões não diminuíram no verão?
A maior disponibilidade não foi alcançada devido a uma combinação de factores, como a falta de gás liquefeito de petróleo, a instabilidade em algumas centrais térmicas e a disponibilidade limitada de combustível.
Nos últimos anos, o país enfrentou uma das maiores crises relacionadas à geração de electricidade, o que causou impactos contínuos no fornecimento de energia.
Apesar do contexto difícil, o Governo aprovou e executa um programa para a recuperação do Sistema Elétrico Nacional, cujo principal objetcivo é a implementação de acções que conduzam de forma sustentável à solução do défice de geração, avançando para a soberania energética.
Para tal, é necessário diminuir as importações de combustíveis e aumentar as fontes nacionais, o petróleo bruto, o gás associado e as fontes renováveis de energia.
Com a implementação deste programa, pretendia-se também alcançar uma maior disponibilidade na geração para os meses de verão, que se caracterizam por serem os de maior procura e nos quais ocorre um maior número de avarias nas redes, devido à sobrecarga das linhas ou a eventos hidrometeorológicos, entre outros.
No entanto, essa maior disponibilidade não foi alcançada devido a uma combinação de factores, como a falta de gás liquefeito de petróleo, a instabilidade em algumas centrais térmicas e a disponibilidade limitada de combustível.
Justamente sobre a estratégia concebida pelo sector para os meses em que ocorre o maior consumo de energia, o engenheiro Lázaro Guerra Hernández, director de Electricidade do Ministério da Energia e Minas, comentou em conferência de imprensa que se concentraram em otimizar a geração térmica, que constitui a base do sistema.
A maioria das centrais termoelétricas utiliza combustível nacional, o que representa uma vantagem, pois aproveitam recursos como o petróleo cubano e o gás associado à extracção petrolífera.
A geração no mês de Julho
De acordo com uma reportagem do Canal Caribe, Guerra Hernández referiu-se à eficiência dos ciclos combinados de Boca de Jaruco e Varadero, que reutilizam os gases de escape para gerar mais energia, e precisou que essas centrais alcançaram uma média de geração de 8,3 GWh diários em julho e agosto, superando sua produção anterior.
Ele acrescentou que nas termelétricas havia uma previsão de produção média de 27 GWh por dia, mas em julho foram alcançados apenas 23 GWh, e a principal causa foi a instabilidade da central Guiteras, que ficou fora de serviço durante dez dias. “Um GWh deixado de produzir é equivalente a mais ou menos uma hora de impacto médio em todos os circuitos desligáveis do país”, exemplificou.
A isso se soma o facto de que se esperava que a unidade 5 de Renté contribuísse com energia durante parte do mês, mas isso não foi possível, acrescentou.
O Director de Eletricidade do Minem assegurou que os maiores impactos se deveram à escassez de combustível: “na geração distribuída, planeava-se produzir 9,2 GWh, mas apenas se atingiram 2,8 GWh”. O impacto da falta de combustível foi ainda maior do que o da termelétrica, considerou.
Quanto à geração móvel, dos 10,2 GWh previstos, foram alcançados 8,9 GWh, também afectados – embora em menor grau – pela disponibilidade limitada de combustível.
O consumo diário projectado para esse mês, detalhou Guerra Hernández, foi de 62 GWh, mas o resultado foi de 63 GWh. Isso foi influenciado pela falta de combustível doméstico para cozinhar alimentos, o que provocou um aumento de aproximadamente 1 GWh por dia no consumo.
A análise global do mês de julho mostra que a média de horas diárias de impacto foi de 15 horas e 50 minutos. Por outro lado, esclareceu que esta média não representa o tempo máximo de impacto, uma vez que “houve circuitos que ficaram desligados por mais tempo”, mas reflete a média entre todos os circuitos afetados.
E em Agosto
O engenheiro salientou que o mês de agosto melhorou ligeiramente, alcançando uma disponibilidade de 24 GWh diários, resultado que foi influenciado pela estabilidade da unidade 3 da termelétrica Carlos Manuel de Céspedes, de Cienfuegos, que atingiu a sua capacidade máxima de projecto.
No entanto, este aumento foi contrariado pela saída da central flutuante kps01, a 5 de agosto. Esta unidade, com uma potência nominal de 240 mw e uma entrega média de 200 mw, reduziu a geração de 8,9 GWh em julho para apenas 6,4 GWh em agosto, para este tipo de centrais.
A geração distribuída também melhorou devido a uma maior disponibilidade de diesel, entregando 5,8 GWh em agosto, embora sem atingir os 9,2 GWh que pode produzir. Nesse mês, apontou Guerra Hernández, a média de afectados pelo défice de geração foi de 14 horas e 54 minutos.
Ele esclareceu que, neste momento, há duas centrais flutuantes a gerar eletricidade no país, que juntas fornecem ao sistema cerca de 70 MW.
Nos meses de julho e agosto, a geração de eletricidade com fontes renováveis cumpriu o previsto, atingindo uma produção média diária de 3,2 GWh, o que confirma que “a geração com fontes renováveis de energia está de acordo com o previsto”.
Fonte:


