A Rússia apoia o direito do Irão de utilizar a energia nuclear para fins pacíficos
Nebenza denunciou perante o Conselho de Segurança da ONU as acções dos países ocidentais para ocultar os crimes de Israel.
O representante da Rússia no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), Vasili Nebenza, afirmou nesta terça-feira, na reunião do órgão, que o Irão tem o direito de usar a energia nuclear para fins pacíficos, em referência aos recentes ataques contra a nação persa por parte de Israel e dos Estados Unidos (EUA), que tiveram como alvo instalações nucleares iranianas
“O Irão tem o direito de usar energia nuclear para fins pacíficos e, acima de tudo, enriquecer urânio. Esses ataques foram realizados por dois Estados, um signatário do Tratado de Não Proliferação (TNP) e o outro, que há décadas se recusa a aderir a este tratado fundamental para a segurança internacional e se recusa a colocar as suas instalações sob o regime de salvaguardas da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA)”, destacou o alto diplomata russo.
Nesse sentido, denunciou que, ao atacar a infraestrutura do Irão, principalmente as bases nucleares de Fordow, Natanz e Isfahan, os EUA e Israel «criaram uma ameaça radiológica para todo o Médio Oriente».
#ENVIVO | Representante de #Rusia en la #ONU, Vasili Nebenzia, brinda declaraciones
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A este respeito, indicou que isso ocorreu com a aprovação dos governos do Reino Unido, França e Alemanha, «que afirmam fazer parte do Tratado de Não Proliferação e do Plano de Ação Conjunto».
Nesse sentido, destacou que Berlim, Londres e Paris construíram uma narrativa que buscava intensificar a ameaça nuclear imaginária, demonizando as represálias tomadas pelo Irão, as quais esses mesmos países «haviam provocado sistematicamente».
Nebenza: A AIEA não regista qualquer indício de que o Irão tenha criado armas nucleares
O diplomata russo advertiu que nenhum relatório da AIEA apresenta indícios de que o Irão tenha criado armas nucleares, «portanto, todas as declarações das delegações ocidentais em sentido contrário são mentiras concebidas para um público que não leu esses relatórios ou que não os compreende».
No entanto, Nebenza afirmou que «o cinismo e a hipocrisia desses Estados ocidentais atingiram o seu clímax em 12 de junho». No seu discurso, ele lembrou que, nesse dia, a AIEA adotou uma «resolução pretensiosa e irrealista» sobre a questão iraniana, após o que Israel atacou as instalações nucleares para fins pacíficos e, uma semana depois, os EUA fizeram o mesmo.
Ele observou que os países da chamada troika ocidental, representados por Berlim, Londres e Paris, se apresentaram como «campeões da diplomacia» e começaram a «defender as ações agressivas de Jerusalém Oriental e Washington».
«Como resultado, no domingo passado, assistimos a uma nova tentativa de legitimar o uso da força, em violação da Carta das Nações Unidas, e os ataques contra instalações nucleares pacíficas, em violação do estatuto da AIEA e de todas as normas de segurança nuclear», enfatizou.
Nebenza lembrou também que os ataques de Israel começaram dois dias antes da reunião entre o Irão e os EUA para abordar questões nucleares com a mediação de Omã, e indicou que o objetivo do regime sionista era sabotar esse processo.
#ENVIVO | Representante de #Rusia en la #ONU, Vasily Nebenzia: Estado Unidos e Israel crearon una amenaza radiológica para todo Oriente Medio, y esto ocurrió con la aprobación de Reino Unido, Francia y Alemania
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«Neste contexto, a troika ocidental também tem hipocrisia suficiente para exigir que Teerão, vítima da agressão, volte à mesa das negociações, em vez de Israel e os EUA», questionou o alto diplomata russo.
A este respeito, lembrou que não existe «nenhuma base política para esta ação», uma vez que a troika ocidental violou as resoluções estabelecidas e o Plano de Ação Conjunta, ao mesmo tempo que não pôs em prática os mecanismos existentes, traindo assim a diplomacia.
Nebenza responsabilizou assim a AIEA e o seu secretariado. «Perante a ingerência de Israel e dos EUA, os dirigentes da AIEA devem cumprir o seu mandato. Os dirigentes da AIEA não devem limitar-se a declarações vagas ou informações fragmentadas, mas devem fornecer informações detalhadas sobre os ataques cometidos contra as instalações nucleares iranianas».
A Rússia indicou que foram realizados ataques seletivos, violando a Carta das Nações Unidas, o estabelecido pela AIEA e outros organismos.
«Infelizmente, vemos o que acontece quando o diretor-geral da AIEA, nos seus relatórios, além de factos objetivos e estatísticas, cita julgamentos de valor ambíguos», alertou, pois podem ser usados por um grupo de países para empreender ações agressivas injustificadas.
Nebenza destacou que a questão nuclear iraniana só pode ser resolvida por meio da diplomacia, lembrou que a Rússia sempre buscou uma solução pacífica para essas preocupações em torno do tema e entregou uma versão atualizada do projeto de resolução que seu país propôs junto com a China e o Paquistão, que leva em consideração os últimos acontecimentos, para garantir a sustentabilidade do cessar-fogo.
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